Nessa atividade, nos foi solicitado que assistíssemos o primeiro episódio documentário "Ways of seeing" - "Modos de Ver" e elaborássemos um pequeno parágrafo e três perguntas para fomentar a discussão em aula.
O documentário, que foi ao ar em 1972, já começa de maneira impactante, com um quadro sendo cortado - que mas a frente descobrimos ser Vênus e Marte, de Sandro Botticelli, 1483 -. Isso é feito para exemplificar a mudança causada na pintura pela invenção da fotografia: a máquina fotográfica permitiu que as imagens fossem agora reproduzidas, na quantidade que for necessário. Essa quebra de paradigmas revoluciona a pintura, pois agora as obras não são mais presas aos quadros expostos em salas específicas de museus e galerias, mas são facilmente reproduzidas e entradas na mídia. E o advento da internet, que explodiu exponencialmente nesses quase 50 anos em que o documentário foi lançado, contribui ainda mais esse processo. Você não mais vai até as imagens, elas veem até você.
Esse mudança causada pela possibilidade de reprodução muda drasticamente a experiência provocada pela arte. O dispositivo, o lugar, os sons, o movimento, tudo isso agora não é mais controlado ou limitado por um museu, a experiência se abre para todas as possibilidades, incluindo de modificação do sentido original. Um ótimo exemplo dado no documentário é de uma bela pintura de Van Gogh, de campos amarelos e um belo céu azul, mas que ganha sentido totalmente diferente ao descobrirmos que se trata da última pintura dele antes de se suicidar.
Dessa forma, o documentário nos instiga a questionar a nossa própria percepção, como nós mesmos entendemos não só a arte, mas diversas questões para além, e como cada percepção é única, é individual e depende de múltiplos fatores. Com isso, o documentário encerra com a ideia marcante de "Pinturas como palavras, não como relíquias sagradas". Um episódio do documentário excelente, muito marcante, que, por fim, faço então três questionamentos que surgiram para a discussão a ser feita em aula, na quinta-feira, 01/07:
1) Como o desenvolvimento e popularidade da internet interferiu - ou expandiu - o processo retratado no primeiro episódio do documentário?
2) O processo de expansão e reprodução das imagens por meio da fotografia não seria "benéfico" no sentido de permitir uma maior experimentação da arte, por exemplo, explicado no texto de Ferreira Gullar, com a abstração se tornando cada vez mais presente?
3) É possível que museus, galerias e exposições também se aproveitem da revolução causada pela reprodução em massa da imagem? Já existem locais que trabalham para além do quadro, mas também com o espaço, com o som, etc?