Nessa atividade, nos foi passado dois filmes - "Helvética", 2007, e "La Antena", 2007 - para assistirmos até a aula de segunda-feira, 12/07.
O primeiro é um longa-metragem lançado em 2007 sobre a fonte tipográfica que dá nome ao filme. Em cerca de uma hora e vinte minutos, o longa debate sobre os cinquenta anos da criação dessa fonte, e como seu uso tem sido ao longo desse tempo. Helvética é uma das fontes tipográficas mais utilizadas mundialmente - talvez até a mais usada -. Ela surgiu em 1957, na Suíça - daí vem o seu nome, a Suíça chegou a ser chamada República Helvética -, no contexto da Europa do pós guerra, como a fonte tipográfica necessária para os tempos modernos que vinham a surgir: racional, neutra, simples, clara, moderna, todos são adjetivos dados à ela no filme. E aí é atribuído o seu sucesso, ao menos inicialmente: uma fonte que não tem conteúdo em si mesma, o conteúdo está no texto, não na tipografia. Helvética se tornou um fenômeno, quase um padrão a ser seguido, sendo implantada inclusive por governos e fontes oficiais. Mas, apesar da popularidade inicial, os movimentos pós-modernistas, em especial das décadas de 70 e 80, se mostraram profundamente contra a fonte, que se tornou um padrão. Uma entrevistada chega a dizer que é "a fonte da Guerra do Vietnã", e também "a da Guerra do Iraque", em referência a utilização da Helvética por órgãos do governo estadunidense, responsável por esses conflitos. Apesar do movimento experimental ter quebrado muito do padrão, a helvética ainda se manteve firme e em ampla utilização. Hoje (ou em 2007, quando o longa foi lançado), a helvética, o padrão continua existindo, mas muito coexistindo com as outras fontes e formas tipográficas.
Já o filme "La Antena" é uma obra visual muito mais "artística". Um longa-metragem quase mudo e em preto em branco argentino lançado em 2007 que em uma hora e quarenta minutos trabalha muito com a metalinguagem. O conflito principal gira em torno da voz: é uma cidade muda, onde "A Voz", única pessoa que ainda conseguia falar, era explorada pelo único canal televiso, do "Senhor TV". Ao longo da trama, vamos descobrindo que o Senhor TV tem planos ainda mais diabólicos: além de se aproveitar da cidade muda, agora tenta roubar-lhes também as palavras para produzir o "Alimento TV" e instaurar uma "telecracia". Assistindo ao filme, percebe-se perfeitamente o porquê é mudo, mesmo sendo um filme de 2007, os diálogos com A Voz ou de seu filho cego, que também consegue falar, tornam-se excepcionalmente marcantes. O filme é uma maravilhosa metáfora contra os monopólios midiáticos, como se encontram na América Latina, como o Senhor TV controla toda a cidade, e seus planos são de apenas expandir ainda mais esse controle, tomando até as palavras que restaram para os cidadãos. A metalinguística com a questão da voz, da palavra, da exposição e de como é ter ou não ter voz, literalmente ou figurativamente, é o ponto chave da obra. É uma obra fantástica, acima das expectativas que eu estava sobre ele.